Ao receber a dica de uma grande amiga logo pela manhã, resolvi assistir o filme mais recomendado nos últimos meses: Ratatouille. Assim também posso continuar no repouso absoluto e colocar em dia os vídeos que estão encalhados na minha lista de recomendações. Animação muito bem feita, coisa de Pixar mesmo, além das ideias poéticas e a saga do ratinho herói, que tinha um sonho, um dom e muita sorte, afinal, um rato nunca será bem-vindo em qualquer que seja o lugar, principalmente em um restaurante renomado de Paris. Acompanhado o tempo todo de sua “consciência”, ele é realmente insuperável, as surpresas, a forma como combinar sabores, texturas, aromas.
Neste momento, com o pós-cirúrgico e ainda algumas válvulas nas minhas narinas, existe o impedimento total dessas sensações. Por isso senti certa inveja do pequeno chef, já que a falta de sentir o cheiro do molho da minha mãe ou o gosto da torta, me privam de todas essas emoções. Por estar de repouso e ter perdido três quilos até agora, todos tentam me agradar de alguma forma, assim, investem na comida para me deixar melhor. Mal sabem que o cheiro de maçã com canela vai passar batido, o melhor purê de batata apenas vai passar pela minha boca, o suco de pêssego parece ser doce como a dipirona é amarga, mas não sei se ele estará aguado ou encorpado.
Enquanto isso, Remy descobriu o segredo do comfort food, ao transformar uma velha receita francesa em lembrança de infância: o suficiente para conquistar o crítico mais ferrenho. Assim como qualquer pessoa, que deveria prestar mais atenção ao que lhe parece pequeno e deixar seus sentidos aguçados para saborear o prazer das coisas boas da vida.
Sei que não ando merecendo, mas vc ainda me deve essa maça com canela…